"Acho que já te disse isto mais que uma vez, mas repito-me, a primeira vez que nos beijamos eu quiz que aquele beijo fosse eterno, senti nesse momento que eras tu, eras "o tal", aquele que tinham chamado para ser o meu namorado, meu futuro marido, pai dos meus filhos, por menos que acredites eu juro-te que isto é verdade, tanto que não nos conseguimos separar mais depois desse beijo.
Teve dias que me passou pela cabeça mandar tudo para trás das costas e acabar com tudo, pela distancia, mas era nessa altura que tu lutavas, que me davas força para acreditar no nosso grande amor e que ainda tinha muito para dar.
Foste ficando e ao fim de dois meses eu disse-te o que te digo hoje, que foste, és e sempre serás o homem da minha (estas coisas não se provam, sentem-se), apesar de todas as nossas divergências e diferenças. Ao fim destes dois meses já tinhamos um milhão e meio de histórias para contar. Aos três meses de estarmos juntos disse-te um "amo-te" pela primeira vez, achei cedo, mas hoje acho que foi tarde de mais, porque te amei desde o ínicio. Parece-me que foi também neste mês que tomamos o primeiro banho juntos, depois deste nunca mais paramos e eu digo-te com toda a certeza, não há banhos mais maravilhosos do que aqueles ao teu lado, nem que seja na Golegã estando uma hora e meia ao frio à espera da água quente.
O tempo foi passando e para quem não acreditava ali continuavamos nós, juntos, apaixonados. Vinhas ter comigo a Beja e eu corria para Alter sempre que podia... Dormiamos juntos aos Domingos até às seis da manhã, só para estarmos mais um tempinho juntos.
Em todos os relacionamentos à medida que o tempo passa vamos conhecendo melhor o outro e isso não foi exepção conosco. Começaste a ver em mim uma menina mimada e eu em ti um namorado um pouco descuidado, mas o nosso grande amor nunca deixou que isso fosse impedimento para nos deixarmos de amar.
Tantos dias passados, tantas noites, tantas semanas e tantos fins-de-semana, tanta "Beja", tanta "minhas casas", tanta "tuas casas", tanta "Nazaré", tanto "Porto Côvo", tanto "Vilamar", tanta "Golegã", tanta "Leiria" dentro de nós. Tanto de ti dentro de mim.
Ontem disseste-me que haverá outro, mas para mim não há mais ninguém, se este for o nosso fim haverá sim outra para ti. Mas nunca te vai conhecer tão bem quanto eu, os beijos nunca terão o mesmo sabor, os lábios não serão os mesmos, a lingua não fará os mesmos movimentos, os abraços nunca terão a mesma intensidade, o perfume pode ser o mesmo mas o cheiro será sempre diferente, nunca vai conhecer os cantos às tuas casas, não te vai dar opinião de como expores o quarto, nem se quer vai saber as tuas roupas de cor ou os pratos que mais gostas, nunca vai aprender a jogar Omerta e gostar realmente, ficar no carro só para te ver passear a Constança, o corpo não vai ser o mesmo e e as curvas não tem a mesma direcção e os pontos fracos não vão ter piada nenhuma. Mas eu não quero acreditar que este seja o fim, nem se quer quero falar disto nesta carta, já que ela vai marcar o fim do fim ou o ínicio de um bom recomeço.
Se me perguntarem qual é a pessoa que mais me faz orgulhar para mim sem dúvida nenhuma que és tu, independentemente de todas as diferenças que temos. Orgulhas-me porque és meu namorado, orgulhas-me porque apesar de às vezes seres pouco romântico (outras tens a capacidade de me pôr a chorar de alegria) fazes muitos esforços por mim. E a cima de tudo tenho orgulho em nós, somos capazes de dispensar uma boa noite de festa por uma noite a ver dvd's ou a falar um com o outro de baixo dos cobertores, orgulho-nos porque apesar da distância que por vezes nos separa o amor sempre prevaleceu. Orgulho-nos porque somos completamente diferente mas nunca, nem por um minuto nos deixamos de amar.
Tou aqui no meu quarto a escrever-te e não sabes a quantidade de vezes que olho para a tua foto e para aquele coração que me ofereceste no dia dos namorados e me caiem as lágrimas.
Precisamos de crescer, eu mais um bocadinho é verdade mas precisamos. E que maravilha seria poder crescer contigo e ver-te crescer. Que bom era partilhar contigo todas as tuas alegrias mas também as tristezas.
Nunca soube muito bem terminar uma carta, por isso não a vou acabar. Quero que a guardes e que daqui a um ano a le-mos juntos e rirmos dela. Que daqui a um ano eu a acabe com um "valeu a pena".
E agora, por tudo de bom e mau que já passamos eu peço-te um abraço"